Tinta acrílica e colagem s/ tela, 2017
Ouro
150 x 150 cm
Casa imaginária
100 x 140 cm
Ninho azul
100 x 140 cm
Paisagem I
115 x 200 cm
Paisagem II (tríptico)
115 x 115 cm (cada)
Paisagem III
200 x 155cm
Composição I
70 x 70 cm
Composição II
70 x 70 cm
Escada
200 x 155 cm
Caixas de Respiração I, II e III
Materiais variados e tinta acrílica s/ caixa de madeira
32 x 28 x 19 cm (cada)
Santuário I, II e III
Materiais variados e tinta acrílica s/ caixa de madeira
32,5 x 27,5 x 10,5 cm (cada)
Desde a primeira vez que fui confrontado com a pintura de Mónica Mindelis que não resisti a comunicar-lhe uma impressão que de imediato me assaltou. Disse-lhe algo como: A tua pintura é daquelas que vão amadurecendo ao longo da vida, sem atropelos nem facilidade, nem compromissos lisonjeiros. Havia como que uma exploração da superfície pictoral, uma ocupação do terreno que se jogava já num espaço que era tanto exterior como interior. Sim, porque de que vale o espaço exterior se nele não vibrar uma poderosa se não turbulenta interioridade? E foi esta interioridade que tem vindo desde aí a manifestar-se de um modo tão orgânico quanto vivencial, como deve ser quando o investimento é profundamente verdadeiro. Foi então que teve lugar um recolhimento imposto por uma criatividade eminentemente feminina, logo seguido por uma expressão quase ilustrativa daquele processo onde nos podemos aperceber do privilégio da interioridade por excelência que a caracteriza. Ou a prática da arte não fosse aquela que vem das entranhas também da mente, daquele espaço uterino e luminoso que é o próprio universo, a que gosto de chamar yoniverso!
“NÃO DESTITUIREI O ÓDIO ANTAGÓNICO AO QUE DEVEMOS SENTIR ESCREVEREI O ÓBVIO E O AMOR DEIXA-SE IMPRIMIR AOS POUCOS HUMANIZO-TE E POR COMPAIXÃO ENALTEÇO A TUA PELE QUERO-TE FIRME, HIRTO E DETERMINADA AGUARDO QUE A TUA VIDA SE REVELE"
Ode à pintura, Monica Mindelis 2017
Sabemos que amor e ódio conjugam a mesma fibra a que nos devemos entregar sem adiamento, naquilo que esboçam e proclamam à vista desarmada. De novo, a resiliência se afirma como género próprio (yin) para melhor dar lugar ao sinal complementar (yang). Agora sim, as formas podem desabrochar, prenhas e plenas de vida, de alegria incontida. Benvinda é esta manifestação amorosa e contagiante que a Mónica assim nos oferece, cabendo-nos a felicidade de a receber reconhecidamente.
Vítor Pomar, Amesterdão, 23 Outubro 2017
Fotografias: Bildstudium